“Acorde para sua saúde, não tenha medo ou preconceito de procurar um urologista e fazer os exames, inclusive o de toque”, alerta o urologista da Unimed, Dr. Celso Puosso.
Isso porque, quando o assunto é câncer de próstata, os dados são preocupantes. O tipo é o segundo mais comum entre os homens (atrás apenas do câncer de pele não melanoma), e também a segunda causa de óbito entre os homens brasileiros, de acordo com o Instituto Nacional de Câncer (Inca).
Mesmo assim, 80% dos homens deixam de fazer os exames por preconceito, segundo a Sociedade Brasileira de Urologia. O resultado é um aumento considerável nas mortes que poderiam ser evitadas, já que com o diagnóstico precoce, as chances de cura são de 90%. “No Brasil é feito um diagnóstico de câncer de próstata a cada sete minutos e é registrado um óbito da doença a cada 40 minutos. Isso porque 20% dos casos são diagnosticados em estágios mais avançados; quando os sintomas começam a aparecer, 95% dos casos já estão em fase adiantada”, informa Dr. Celso.
Ele explica que a próstata é uma glândula localizada abaixo da bexiga, atravessada pela uretra, com tamanho e forma semelhantes aos de uma noz. “Ela tem duas funções importantes, que são a produção de parte do esperma (nutrição dos espermatozoides) e o auxílio no controle urinário.”
Diversas patologias
A próstata, segundo Dr. Celso, pode ser sede de diversas patologias, como prostatite, hipertrofia prostática benigna e tumor.
A prostatite é uma condição habitualmente dolorosa que envolve inflamação e/ou infecção da próstata e das áreas ao seu redor. “Os sintomas podem ser muito sérios e haver necessidade de internação; o tratamento é com antibiótico”, diz.
A hiperplasia prostática benigna (ou hiperplasia nodular) é o aumento da próstata pela idade. “Nem todos vão apresentar esse crescimento, mas grande parte. O indivíduo acima dos 40, 45 anos começa a ter certa dificuldade para urinar, urina mais durante o dia, começa a urinar à noite, o jato fica mais fraco e, ao final, em vez de terminar a urina, ela fica gotejando; dá a sensação de que a bexiga não esvaziou completamente. Uma das coisas que podem acontecer também, dependendo da evolução, é uma obstrução. O tratamento pode ser medicamentoso ou cirúrgico, dependendo do caso”, fala Dr. Celso.
Câncer de próstata
O médico explica que o câncer de próstata é uma anomalia nas células da próstata. “Elas se tornam diferentes da original e se multiplicam desordenadamente. Podem se espalhar para outros lugares, seja localmente ou invadindo outras estruturas ao redor, como através do sistema linfático (gânglios ou ínguas internas), ou do sistema sanguíneo.”
Fatores de risco
Alguns fatores de risco aumentam as chances de diagnóstico do câncer de próstata: faixa etária entre 60 e 70 anos, raça negra, obesidade, maus hábitos alimentares (ingestão de gordura) e histórico familiar. “Com um parente de primeiro grau as chances são duas vezes maiores; com dois parentes, as chances são seis vezes maiores”, diz Dr. Celso.
Diagnóstico
Segundo o médico, a prevenção total (primária) do câncer de próstata não é possível, mas é sempre indicado manter um estilo de vida saudável, cuidar da alimentação e fazer avaliação periódica com o urologista.
O diagnóstico leva em conta, além da história clínica do paciente, o resultado do exame de toque retal e o exame laboratorial PSA. “É importante salientar que um não exclui o outro”, alerta.
Dr. Celso explica que cada médico tem uma particularidade para realizar o exame de toque. “Por ele é possível analisar a consistência da próstata, a presença de nódulos, de zonas duras, de irregularidades da superfície, entre outras características.”
O PSA (Antígeno Prostático Específico) é uma enzima produzida pela próstata que facilita a liquefação do sêmen e é, também, um marcador de outras alterações na próstata. “Níveis elevados de PSA podem indicar problemas”, diz o médico.
A Sociedade Brasileira de Urologia recomenda que sejam feitos exames periódicos e precoces: homens sem antecedentes familiares, a partir dos 50 anos; homens com fatores de risco (antecedentes familiares, raça negra e obesidade), a partir dos 45 anos.
Outros exames
Dr. Celso cita que, dependendo do caso, pode ser solicitada a ultrassonografia transretal, que facilita a visualização da próstata e de tecidos ao redor, permitindo identificar e caracterizar alterações e/ou lesões. “Se necessário, é realizada uma biópsia prostática transretal.”
Outro exame importante é a Ressonância Magnética Nuclear, método de diagnóstico padrão ouro que avalia a próstata e permite identificar nódulos ou áreas suspeitos.
Tratamento
O urologista explica que o tratamento depende da localização do tumor, ou seja, se estiver somente na próstata, envolver órgãos vizinhos ou apresentar metástases distantes. Os resultados vão determinar se será indicada vigilância ativa, prostatectomia radical, radioterapia, bloqueio androgênico, quimioterapia ou radiofármacos.
(Por Giselle Torres)