Nos dez primeiros dias de janeiro, 901 pessoas procuraram o Pronto Atendimento da Unimed Rio Pardo. Em comparação com os dez primeiros dias de dezembro, quando foram atendidas 205 pessoas, houve um aumento de 340% na procura pelo serviço.
Os números superam em muito os dados do mesmo período do ano passado, época em que a pandemia de Covid-19 estava no pico. De 1º a 10 de janeiro de 2021, o serviço atendeu 246 pessoas, o que representa um salto de 267% na procura pelo Pronto Atendimento, este ano.
Nos três últimos meses do ano passado, o serviço vinha registrando estabilidade, com pouca variação nos números: em outubro foram realizados 634 atendimentos, em novembro foram 560 e, em dezembro, 636.
Dos 901 atendimentos realizados de 1º a 10 de janeiro deste ano, a maioria das pessos apresentou síndromes gripais e mais de 200 testaram positivo para a Covid-19. Para o médico infectologista da Unimed, Dr. Rafael Queiroz, alguns fatores podem ser atribuídos a esse aumento registrado no país, como um todo.
“A vacinação tem avançado, mas temos visto uma redução no ritmo. Agora com a proposta de vacinar as crianças a partir de 5 anos, a gente espera também um efeito positivo. Outro fator é a redução dos cuidados de higiene e de distanciamento social por parte da população. Vimos estádios de futebol lotados, shows, rodeios, festas de fim de ano com grande aglomeração, festas clandestinas muitas vezes, e o resultado não poderia ser outro. No caso da Covid-19, soma-se a presença de novas variantes como a Gama, a Delta e a Ômicron, entre outras menos importantes, mas também presentes.”
Variantes da Covid-19
Dr. Rafael explica que as mutações da Covid-19 são de grande transmissibilidade, especialmente a Ômicron. “A variante Delta tem uma transmissibilidade de 50% a 60% maior do que a primeira cepa que circulou a partir da China. Ela surgiu no fim de 2020 e tem em torno de 8 a 9 mutações na proteína estrutural externa, o que confere alguns mecanismos de resistência contra vacinas e aumento da transmissibilidade. Já a Ômicron é de 500% a 600% mais transmissível e tem uma taxa de multiplicação viral no trato respiratório em torno de 70 a 80 vezes mais rápida do que as variantes anteriores. Ela surgiu no ano passado e provavelmente responde no Brasil pela maioria das infecções, mas não temos testes em larga escala que detecte a variante. A Ômicron tem em torno de 32 mutações na proteína estrutural externa, que é responsável pela entrada no vírus na célula do hospedeiro.”
Ainda segundo o médico, as vacinas atuais conferem alguma proteção em maior ou menor grau em relação às variantes Delta e Ômicron, especialmente para os pacientes que já receberam a terceira dose. “Já há estudos de vacinas americanas e russas contemplando essas novas variantes com mais eficácia”, diz.
Variantes da Influenza
Segundo o infectologista, a Influenza (gripe) também tem apresentado mutações que merecem atenção, como o sorotipo H3N2. “É uma cepa que veio da América do Norte, uma variante de elevada transmissibilidade e que não é contemplada nas vacinas atualmente feitas na América do Sul, como um todo. O Instituto Butantan anunciou planos de iniciar a produção da nova vacina, até para ser aplicada antecipadamente em abril ou março, conforme a produção avança, contemplando essa variante da influenza na vacinação anual.”
Dr. Rafael explica que, em razão das mutações naturais dos vírus, o reforço da vacina contra a Influenza deve ser anual. “Não somente em relação ao H3N2 mutante, mas às cepas com outras combinações genéticas como H1N1 e Influenza B. Como os quadros gripais são clinicamente difíceis de diferenciar no início, reforçamos a necessidade dos cuidados para evitar a transmissibilidade.”
Covid ou Influenza?
Com tantos sintomas respiratórios atingindo a população mundial, a dúvida que prevalece é: qual a diferença entre Covid e Influenza? O Dr. Rafael Queiroz responde que, no quadro inicial que vai de 5 a 7 dias, os sintomas são muito semelhantes: febre, dor de garganta, tosse, algum desconforto respiratório. “No caso da Covid, esse desconforto é essencialmente pulmonar, por microtromboses pulmonares. E na gripe é algo mais inflamatório, uma pneumonite por conta da Influenza. Os demais sintomas também são parecidos, como dor no corpo e indisposição, e podem haver sintomas gastrointestinais, como vômito e diarreia, um pouco de diminuição do apetite e perda de olfato e de paladar (especialmente na Covid).”
De acordo com o infectologista, o exame mais utilizado para diagnosticar a Covid-19 e a Influenza é o PCR. “Existem outros métodos diagnósticos, como cultura viral ou painel viral, mas poucos laboratórios têm essa tecnologia para larga escala”, diz.
Vacinação e cuidados
Sobre a evolução da Covid-19, Dr. Rafael Queiroz afirma que não há como fazer uma previsão com segurança. “Esperamos uma melhora com a vacinação das crianças e o avanço da vacinação nos adultos. Existe uma boa parcela da população que não completou o esquema vacinal, então em médio prazo eu acho improvável que haja melhora na situação.”
O infectologista é categórico ao afirmar que a pandemia não acabou e que não é hora de ‘baixar a guarda’. “É hora de reforçar os cuidados de higiene e o distanciamento social. Entendemos as questões social, econômica e familiar depois de dois anos de pandemia, mas é preciso deixar claro que ela está longe de acabar, infelizmente. Use a máscara da maneira correta, preferencialmente as cirúrgicas (N95, se possível); as de tecido são úteis, mas têm eficácia mais limitada especialmente se forem usadas por um período de tempo maior.”
Para o Dr. Rafael, com os cuidados e a vacinação a Covid-19 pode passar de uma doença epidêmica para endêmica, assim como a dengue e a gripe. “Esperamos que ela conviva com a população em níveis baixos, reduzindo as chances de mutações e de complicações em pacientes infectados.”
Pronto Atendimento Unimed
O serviço de Pronto Atendimento passará a funcionar no Hospital Unimed a partir das 19 horas deste sábado, dia 15 de janeiro.
Rua Alexandre Carlos de Mello, 118 – Jardim Aeroporto. Fone: 3682-9500
Por Giselle Torres Biaco (Assessoria Unimed)