sábado, novembro 23, 2024
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Psicóloga alerta que suicídio é um problema de saúde pública: “fale de suas emoções!”

A Operadora SAVISA proporcionou nesta semana mais uma canal de comunicação com seus beneficiados e também com a população. Por meio deste perfil oficial, a SAVISA pretende divulgar informações acerca do plano de saúde, bem como conteúdos sobre temas relevantes em Saúde, a começar pelo “Setembro Amarelo”, mês de prevenção ao Suicídio.

Para falar sobre o assunto, de forma simples e explicativa, a psicóloga Ana Amélia Junqueira Capuano, que também faz parte do corpo clínico SAVISA foi a convidada. Confira e tire suas dúvidas. Suicídio: nós precisamos falar sobre isso!

Setembro, um mês dedicado à prevenção de uma prática que assusta, comove, entristece e faz refletir. O suicídio é considerado mundialmente como um problema de saúde pública e, assim como as emoções que provocam quando sabemos que alguém praticou esse ato, ele é multifatorial e pode ser ocasionada por fatores biológicos, ambientais ou psicológicos.

Em São José do Rio Pardo, segundo tabela Data SUS, atualizada pela última vez no ano de 2018, foram registrados 5 óbitos por Lesões Autoprovocadas Voluntariamente, sem definição de sexo. Atualmente, os números de pessoas que tentam tirar a própria vida é bem maior, ou seja, 3 a 4 casos por semana.

“A vida é assim, cheia de encantos e desencantos, acertos e erros, derrotas e vitórias e são exatamente esses contratempos que nos fortalecem e nos fazem evoluir. Busque informações, procure ajuda, fale abertamente sobre suas emoções”, destacou Ana Amélia.

A psicóloga disse porquê setembro foi escolhido como o mês de prevenção ao Suicídio, que segundo ela a origem do mês e da cor, se deu nos EUA, quando o Jovem Mike Emme, de 17 anos, cometeu suicídio, em 8 de setembro de 1994. Mike era um rapaz muito habilidoso e restaurou um automóvel Mustang 68, de cor amarela. Seus pais e amigos não perceberam que o jovem tinha sérios problemas psicológicos e não conseguiram evitar sua morte. Mike, foi encontrado morto dentro de seu Mustang, junto a uma carta de despedida.

No dia do seu velório, foram distribuídos cartões decorados com fitas amarelas, levando a mensagem “Se você precisar, peça ajuda”. Em consequência dessa triste história, foi escolhido como símbolo da luta contra o suicídio, a cor amarela e o mês de setembro.

No Brasil, a Organização Mundial de Saúde (OMS) decretou o dia 10 de setembro como sendo o Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio. A Campanha no Brasil é considerada recente, o movimento teve início em 2015 por iniciativa da Centro de Valorização à Vida (CVV) em parceria com Conselho Federal de Medicina e Associação Brasileira de Psiquiatria, tomando grande proporção diante dos inúmeros registros de suicídio. Estamos entre os 38 países que abordam este assunto, que é atualmente considerado um problema de Saúde Pública.

Na entrevista, a Dra. Ana Amélia disse quais as doenças emocionais podem levar ao suicídio.

O suicídio é considerado multifatorial, pode ser ocasionado por fatores biológicos, ambientais ou psicológicos, e não escolhe etnia, gênero, idade, cultura e classe econômica, podendo afetar qualquer pessoa em qualquer época da sua vida. A Depressão, é um dos Transtornos Mentais mais conhecidos e relacionados ao suicídio, mais não é a única causa para o ato. Por isso, precisamos conhecer e expandir o conhecimento sobre os outros Distúrbios que podem levar o indivíduo a pensar, tentar ou tirar de fato sua própria vida.

Depressão: Segundo a OMS, é a segunda mais importante causa de incapacidade no mundo, e caracteriza-se por:

  • Sentir-se triste, durante a maior parte do dia, quase todos os dias;
  • Perder o prazer ou o interesse em atividades rotineiras, irritabilidade, desesperança, queda da libido;
  • Perder peso ou ganhar peso (não estando em dieta);
  • Dormir demais ou de menos, ou acordar muito cedo, sentir-se cansado e fraco o tempo todo, sem energia;
  • Sentir-se inútil, culpado, um peso para os outros, ansioso, com dificuldade em concentrar-se, tomar decisões e dificuldade de memória;
  • Ter pensamentos frequentes de morte e suicídio.

Transtorno Afetivo Bipolar: O Transtorno Afetivo Bipolar está associado a um maior risco de suicídio, especialmente nas fases de depressão e nos casos de troca rápida de humor. Caracteriza-se por alterações de humor que se manifestam, como episódios depressivos, alternando-se com episódios de euforia (também denominados de mania), em diversos graus de intensidade.

  • Fase Depressiva: Mesmos sintomas da depressão;
  • Fase Maníaca: Auto-imagem inflada ou de grandiosidade;
  • Menor necessidade de sono;
  • Aumento da velocidade do pensamento;
  • Não consegue concentrar-se em uma atividade;
  • Põe-se em situações de risco.

Transtorno relacionado ao uso de álcool e substâncias: Geralmente as mortes não são notificadas como suicídio, confundidas muitas vezes com overdose ou acidente de trânsito. Mesmo assim, é no conjunto a segunda doença mental mais associada ao suicídio, após os transtornos do humor. O suicídio está relacionado com:

  • Dependência;
  • Abstinência;
  • Tolerância;
  • Agressividade;
  • Impulsividade;
  • Fraco controle dos impulsos;

Esquizofrenia: A esquizofrenia contribui com mais de 10% dos suicídios, por isso a importância da identificação precoce para a prevenção, principalmente com relação a aceitação da família, assim o tratamento faz-se eficaz. Se manifesta por:

  • Delírios;
  • Alucinações;
  • Discurso desorganizado;
  • Comportamento desorganizado;
  • Sintomas negativos (embotamento afetivo, diminuição da vontade, alogia, hipoedonia);
  • Perda de capacidade laboral/acadêmica/social.

Transtornos de Personalidade: os transtornos de personalidade apresenta risco aumentado de suicídio em até 12 vezes para homens e 20 vezes para mulheres, especialmente os transtornos de personalidade antissocial e Borderline (limítrofe).

  • Sofre e faz sofrer a sociedade;
  • Não aprende com a experiência.
  • Associa-se com outros transtornos psiquiátricos, como transtorno do humor e abuso de drogas;
  • Alterações marcantes no jeito de sentir, perceber a si e ao mundo e se relacionar.

A maneira mais eficiente de se reduzir o risco de suicídio nestes indivíduos, é o diagnóstico e tratamento correto, feito pelo Psiquiatra juntamente com o psicólogo.  Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), 90% das pessoas que tiraram a própria vida, tinham algum problema de Saúde Mental e segundo a Organização Brasileira de Psiquiatria (OBP) de 50% a 60% das pessoas que se suicidaram nunca passaram por uma consulta com um Psiquiatra ou fizeram tratamento Psicológico.

Quando a pessoa deseja tirar a própria vida, ela dá sinais disso ou age em sigilo?

Infelizmente na maioria das vezes, não estamos muito atentos ao que está acontecendo ao nosso redor. Mas todos temos a capacidade de observar! Observar sinais de pessoas que possam estar pensando em tirar a própria vida, não é fácil. Os sintomas nem sempre são visíveis, muitas vezes são silenciosos, mas há alguns sinais para os quais podemos prestar atenção.

Sintomas Verbais

  • Falas como: “quero me matar, quero morrer, vou cometer suicídio”. Por falta de informação, as pessoas acabam por confundir esse tipo de discurso, acreditando ser apenas “frescura” ou que a pessoa esteja querendo “chamar atenção pra si”, e acabam por ignorar estes sintomas;
  • Quando diz “estou muito cansada, não quero continuar”. É algo que, isoladamente, não recebe muita atenção das pessoas. Mas em junto com outros sintomas, tem de ser visto com um olhar mais cuidadoso.
  • Sinais Comportamentais
  • Isolamento: se a pessoa deixa de ir à escola ou falta ao trabalho com regularidade, por exemplo;
  • Desinteresse: de repente, a pessoa deixa de fazer as atividades de que gosta;
  • Alimentação: a pessoa come mais ou come menos que o usual;
  • Mudança no sono: se tem insônia ou dorme demais;
  • Agressividade: no caso de jovens, às vezes a depressão se confunde com agressividade.

Nas redes sociais

Também é preciso ficar atento aos sinais nas redes sociais.

  • Monitorar as mudanças na forma de uso das redes.
  • O uso das redes pode se tornar mais frequente, mostrando maior isolamento;
  • Começar a seguir páginas com conteúdo que tenham mais relação com depressão ou questões ligadas à morte, esses são possíveis sintomas de depressão ou tendência de suicídio.
  • Principalmente os adolescentes se manifestam em redes sociais.

O suicídio pode ocorrer em qualquer faixa etária e sexo ou há alguma predisposição para os casos?

A doenças emocionais podem surgir em qualquer faixa etária. Existem por exemplo quadros depressivos na infância, na adolescência, na vida adulta e na velhice. De acordo com os fatores Sociodemográficos apontados pela OMS, a maior incidência de suicídio acontece na faixa etária entre 15 e 35 anos e acima de 75 anos, com maior predisposição pelo sexo masculino.  Acredita-se que o sexo masculino tenha maior incidência ao suicídio, por falta de informação, vergonha e até mesmo por questões culturais. O homem pode ser levado a não expressar os seus sentimentos para se mostrar sempre forte.

Em nossa sociedade, o homem calado que não demonstra sua sensibilidade é muitas vezes considerado viril. Estamos acostumados a ouvir: “homem não chora”. Isso pode dificultar muitas vezes o autocuidado e o entendimento de que a saúde mental é importante e precisa de atenção. Medo, angústia e ansiedade são sensações que muitas vezes podem levar ao sofrimento na falta de espaço para o desabafo.

A falta de abertura, a relutância em se expor, torna a situação dos homens ainda mais difícil e os fazem buscar alternativas que aumentam suas angústias e geram mais sofrimento e desespero. As circunstâncias da atualidade para o homem parecem trazer uma carga emocional maior. Ideias como não prover a família em caso de desemprego, a necessidade de dependência e até a comparação podem provocar sofrimento.

Até mesmo na descoberta de doenças graves o homem costuma agir muito mal, ele perde muito tempo guardando a informação e se privando do apoio de familiares e amigos. Esconder os sentimentos não faz bem a ninguém!

Quando devemos procurar auxílio e quais profissionais procurar?

É necessário buscar auxilio sempre que houver uma desconfiança. Procure estabelecer diálogo com a pessoa, seja respeitoso, empático e compreensivo. O importante é saber que existem maneiras de auxiliar essa pessoa! Talvez você não se sinta preparado nesta situação que é nova, por isso evite rechaçar (“Credo, isso é pecado!”), esboçar expressões de choque (“Não acredito que você tá pensando nisso!”) e reprimir, caso o choro venha (“Pra que chorar? Você sempre teve tudo do bom e do melhor!”).

Ouça sem julgamentos, pois cada dor é única e deve ser respeitada. Ofereça suporte emocional, informando sobre a importância de ajuda profissional qualificada. O Médico Psiquiatra irá atuar nesta situação, e estabelecer um trabalho em conjunto a um Psicólogo.

Caso a pessoa fale claramente sobre os seus planos de se matar, é primordial que ela não seja deixada sozinha. Podem ser contatados os serviços de Saúde Mental da sua cidade e familiares/amigos da pessoa. Pode ser necessário que ela fique em um ambiente seguro, sendo auxiliada por um profissional.

Você também pode indicar os serviços oferecidos pelo Centro de Valorização à Vida (CVV), disponível em www.cvv.org.br, que trabalha para promover o bem estar das pessoas e prevenir o suicídio, em total sigilo, 24h por dia, ou pelo número 188 (ligação gratuita a partir de qualquer linha telefônica fixa ou celular).

Como amenizarmos esses sintomas de ansiedade, depressão, fobias neste período de Pandemia?

Para as pessoas que já apresentam quadros de ansiedade, depressão ou fobias o mais indicado neste período é procurar um profissional qualificado ou dar continuidade ao tratamento, caso tenha parado. Por conta do distanciamento social e todas as incertezas que estamos vivenciando, estes quadros podem ficar mais intensos ou surgirem com o tempo.

Muitos profissionais estão realizando atendimento de forma online ou a domicilio, podendo dar total apoio e suporte a quem precisa. Como forma de prevenção a ansiedade, as dicas são: Mantenha o autocuidado com a alimentação, hidratação e comunique-se por meios eletrônicos. É necessário ocupar a mente com outras coisas e tomar cuidado com o excesso de informações negativas.

  • Pratique atividades que sejam boas para o corpo e para a mente;
  • Se exercite;
  • Escute músicas;
  • Desenhe, pinte, cante e dance;
  • Mantenha uma alimentação saudável;
  • Pratique meditação;
  • Abuse da criatividade para realização de outras tarefas;
  • Viva um dia de cada vez;
  • Se necessário procure ajuda profissional.
  • Mantenha contato frequente com amigos e familiares.

Para finalizar, que mensagem você deixaria à população sobre o Setembro Amarelo?

Amarelo é a cor da vida, da luz, do sol! A vida é assim, cheia de encantos e desencantos, acertos e erros, derrotas e vitórias e são exatamente esses contratempos que nos fortalecem e nos fazem evoluir.

Busque informações, procure ajuda, fale abertamente sobre suas emoções. A fala auxilia no entendimento dos sentimentos, na compreensão do que se passa dentro de si. Sem julgamentos, contra si ou contra o outro. Tenha fé e acredite em você! Deixo aqui um trecho da música “Raridade” de Anderson Freire.

“Você é um espelho que reflete a imagem do Senhor

Não chore se o mundo ainda não notou

Já é o bastante Deus reconhecer o seu valor

Você é precioso, mais raro que o ouro puro de ofir

Se você desistiu, Deus não vai desistir

Ele está aqui pra te levantar se o mundo te fizer cair”

Psicóloga alerta que suicídio é um problema de saúde pública: “fale de suas emoções!”
Psicóloga Dra. Ana Amélia Junqueira Capuano
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