Pelo menos quatro mulheres, entre 35 e 63 anos, denunciam importunação sexual de um guarda municipal que trabalhava como escrivão na delegacia de Mococa (SP). Os casos, segundo as vítimas, aconteceram durante registro de ocorrências.
A Polícia Civil abriu inquérito para apurar as denúncias e a Secretaria de Segurança Pública informou que as vítimas já foram ouvidas. O homem de 48 anos, que é servidor emprestado pela Prefeitura de Mococa, foi afastado das funções.
A defesa dele disse que as denúncias não foram provadas e que durante o processo vai provar a inocência do cliente. O Ministério Público aguarda a conclusão do inquérito.
Casos em delegacia
De acordo com a Comissão de Direitos da Mulher da Ordem dos Advogados do Brasil de Mococa, o primeiro relato de assédio sexual foi no ano passado, mas só agora as vítimas decidiram denunciar.
Uma delas tentou fazer um boletim de ocorrência por furto de celular. Ela afirma que foi assediada justamente por quem deveria registrar o boletim de ocorrência.
“Ele chegou a mostrar o pênis dele. Abriu o zíper da calça e mostrou o pênis dele pra fora. Ele queria que eu tirasse a camisa, levantasse e mostrasse o peito. Eu disse: ‘não posso, tem que ter respeito’. Aí eu fiquei assim com medo dele dentro da sala, peguei e falei: ‘aqui não dá para eu ficar, vou embora sem fazer o boletim deocorrência'”, disse.
“Quero que ele pague pelo que fez, com todo mundo, não só comigo”, desabafou.
Uma outra vítima trabalhava com o escrivão na delegacia e relatou o que sofreu.
“Eu estava trabalhando, na minha sala, quando fui sair dei de frente com ele e ele estava entrando. Nesse momento só estava eu dentro da minha sala. Foi quando ele enfiou a mão dentro da minha blusa e tocou meu seio. Então, eu perguntei se por acaso ele estava ficando louco. Ele, muito irônico, disse: ‘calma, eu só estou arrumando o bojo da tua blusa’. Daí eu saí da sala, deixei ele em pé lá. Eu estava muito nervosa e eu fui pro banheiro tentar me recompor para voltar a trabalhar”, afirmou.
“Que ele pague por isso e não volte mais a fazer com ninguém. Não fique em algum lugar que tenha contato com mulheres, não sei qual que é o problema dele, eu acredito que ele tem que resolver e isso não pode acontecer de novo com ninguém”.
Comissão da OAB e MP acompanham
presidente da Comissão de Direitos da Mulher da OAB, Juliana Pricoli, repudiou os casos. “Vamos ver qual vai ser o desfecho de tudo isso para que não ocorra mais casos nesse sentido, ainda mais num ambiente como a delegacia, onde a mulher ou todo cidadão deveria se sentir protegido”, disse.
A comissão orientou que se tiver mais alguém que passou pela mesma situação na delegacia, pode fazer a denúncia nesses telefones (19) 3656-2367 e 3656-3767.
O promotor de justiça Marcelo Sperandio Felipe está acompanhando o caso e pediu sigilo nas investigações.
Fonte: G1 São Carlos