Cuidar da mente, é cuidar da vida. O Janeiro Branco é uma campanha brasileira que foi criada com o objetivo de chamar a atenção das pessoas para a necessidade de cuidar da saúde mental. Esse mês foi escolhido porque é o período em que a população está mais focada em resoluções e metas para o ano novo.
Em 2021, a campanha se torna ainda mais relevante e necessária. De acordo com pesquisa da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFGRS), 80% dos brasileiros se tornaram mais ansiosos em meio à pandemia da covid-19. A OMS também traz outro dado preocupante: a depressão atinge 5,8% dos brasileiros, taxa que está acima da média global, que é de 4,4%.
De acordo com a psicóloga Paula de Melo, a saúde da mente reflete diretamente na saúde do corpo e, quando não cultivada, pode desencadear não apenas ansiedade e depressão, como também outros tipos de patologias.
“Podemos citar o transtorno obsessivo-compulsivo, transtorno de estresse pós-traumático, fobias e transtorno do pânico, especialmente em pessoas que tiveram mortes na família por causa do coronavírus”, explica.
Luto, Isolamento e Perda de Renda
Luto, isolamento e perda de renda são alguns dos fatores que desencadearam problemas de saúde mental em 2020 e que podem perdurar em 2021. A psicóloga destaca que os idosos são o grupo de maior risco e, por consequência, merecem atenção especial.
“Os idosos possuem uma saúde mais frágil e necessitam de um maior cuidado. É importante que eles mantenham, de alguma forma, contato com netos, filhos e amigos, mesmo que esse contato seja pela internet. Essa afetividade tem que ser diária para mantê-los felizes, saudáveis e com vontade de viver”, afirma.
O panorama da saúde mental no Brasil
A questão que motivou a criação da campanha é bem simples (e muito séria): as pessoas estão adoecendo em quantidade e ritmo preocupantes. Segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), em torno de 12 milhões de brasileiros sofrem de depressão. O número é equivalente a 5,8% da população, colocando o país em segundo lugar no ranking americano (atrás apenas dos Estados Unidos).
Estamos falando de uma doença mental que, segundo o estudo, pode alcançar de 20% a 25% das pessoas no Brasil. A ansiedade, por sua vez, afeta quase 20 milhões de brasileiros (cerca de 9,3% da população). Isso inclui o transtorno obsessivo-compulsivo, problemas de fobia, estresse pós-traumático e até mesmo ataques de pânico.
Já o suicídio é apontado pelo Ministério da Saúde como a quarta maior causa de mortes de jovens no país. São números expressivos e que, muitas vezes, ultrapassam outros indicadores relacionados à saúde e ao bem-estar da população.
Um dos problemas que a campanha Janeiro Branco busca combater, no entanto, é justamente a falta de conhecimento sobre o tema — além de outros obstáculos que dificultam a discussão.
“Se é você quem precisa de ajuda, não tenha vergonha em pedir”
A psicóloga acredita que a pandemia tornou as pessoas mais solidárias e preocupadas com o próximo, mas também destaca a importância de olhar para si.
“Se é você quem necessita de ajuda, não tenha vergonha em pedir e procure um profissional de saúde mental. Apesar das dificuldades que ainda estamos vivenciando, temos que fazer o possível para manter pensamentos otimistas. Não cobrar demais nem de nós, nem dos outros, e acreditar que dias melhores virão”, enfatiza.
A especialista ainda dá dicas para manter uma vida saudável e começar o ano com de forma segura.
“Procure conciliar a rotina de trabalho com atividades prazerosas com a família, animais de estimação ou algum passatempo e, mesmo diante do distanciamento, aproveite as facilidades da tecnologia para manter contato com familiares e amigos. Também não abra mão de uma boa alimentação e exercícios físicos. Tudo isso vai ajudar a mente e o corpo a se manterem fortalecidos”, conclui.
Fonte: Cada Minuto