quinta-feira, novembro 28, 2024
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Inflação acelera para 0,64% em setembro, maior alta para o mês desde 2003

Puxada pela alta nos preços de alimentos e da gasolina, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), considerado a inflação oficial do país, avançou 0,64% em setembro, acima da taxa de 0,24% registrada em agosto, divulgou nesta sexta-feira (9) o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Trata-se da maior alta para um mês de setembro desde 2003 (0,78%) e da maior taxa do ano.

No acumulado em 2020, o IPCA passou a registrar alta de 1,34% e, em 12 meses, de 3,14%, acima dos 2,44% observados nos 12 meses imediatamente anteriores. Com o resultado, a inflação segue abaixo da meta central do governo para o ano, que é de 4%, porém agora acima do piso para 2020, que é de 2,5%.

O resultado ficou acima da mediana das projeções de consultorias e instituições financeiras ouvidas pelo Valor Data, de 0,54% de aumento. O intervalo das estimativas ia de alta de 0,40% até 0,65%.

Inflação acelera para 0,64% em setembro, maior alta para o mês desde 2003

Alimentos puxam alta

Dos 9 grupos de produtos e serviços pesquisados, 7 tiveram alta em agosto. A maior variação (2,28%) e o maior impacto (0,46 ponto percentual) no índice geral vieram do grupo alimentação e bebidas, puxado principalmente por alimentos para consumo no domicílio (2,89%), com o aumento nos preços do óleo de soja (27,54%) e do arroz (17,98%), que já acumulam no ano altas de 51,30% e 40,69%.

Outros produtos que subiram na cesta das famílias foram o tomate (11,72%), o leite longa vida (6,01%) e as carnes (4,53%). Por outro lado, houve queda nos preços da cebola (-11,80%), da batata-inglesa (-6,30%), do alho (-4,54%) e das frutas (-1,59%).

Já os preços dos transportes (0,70%) avançaram pelo quarto mês seguido, com a gasolina registrando alta de 1,95% em setembro e representando, sozinha, uma contribuição de 0,09 ponto percentual na taxa oficial de inflação do mês. A gasolina é o subitem de maior peso no índice geral. No acumulado no ano, porém, ainda tem queda de 4,10%.

Dos cinco principais impactos individuais no IPCA de setembro, 4 foram do grupo de alimentação e bebidas (carnes, arroz, óleo de soja e leite longa vida) e um de transportes (gasolina).

Segundo o gerente da pesquisa, Pedro Kislanov, a alta nos preços de alimentos como arroz e óleo está relacionada ao dólar alto e à maior demanda interna.

“Pelo lado da demanda, tem um impacto do auxílio emergencial, que tem garantido a manutenção do consumo, sobretudo das famílias mais pobres. Pelo lado da oferta, tem também o impacto do câmbio, com aumento significativo das exportações de produtos como o arroz e a soja”, destacou.

O grupo vestuário apresentou alta (0,37%), após quatro meses em queda, acompanhando a recuperação das vendas do comércio.

Inflação acelera para 0,64% em setembro

Veja o resultado para cada um dos 9 grupos pesquisados pelo IBGE:

  • Alimentação e bebidas: 2,28%
  • Habitação: 0,37%
  • Artigos de residência: 1%
  • Vestuário: 0,37%
  • Transportes: 0,70%
  • Saúde e cuidados pessoais: -0,64%
  • Despesas pessoais: 0,09%
  • Educação: -0,09%
  • Comunicação: 0,15%

De acordo com o IBGE, o maior impacto negativo em setembro, ou seja, que ajudou a segurar o indicador, partiu dos planos de saúde (-2,31%), que contribuiu com -0,10 p.p. O gerente da pesquisa destacou que o aumento nos preços dos planos foi suspenso pela ANS, o que retirou peso da inflação.

Serviços ainda acumulam deflação no ano

Os custos de serviços avançaram 0,17% em setembro, após deflação de 0,47% em agosto, confirmando a recuperação mais lenta do setor, que tem se mostrado o mais impactado pela pandemia de coronavírus. No acumulado no ano, os preços de serviços ainda registram deflação de 0,05%.

Entre as quedas no mês, destaque para os custos com costureira (-0,59%), cabeleireiro (-0,37), cursos diversos (-0,77%) e hospedagem (-0,47%).

Em meio à flexibilização das medidas de restrição e do isolamento social, alguns serviços já começam a registrar aumento nos preços. A alimentação fora, por exemplo, teve alta de 0,82% em setembro, após deflação de 0,11% no mês anterior. As passagens aéreas tiveram a maior variação, de 6,39%, ante recuo de 1,97% em agosto. Já o aluguel de veículos teve aumento de 5,14%.

Fonte: G1 Campinas

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