A descoberta de uma nova variante da covid-19 (BQ1) e a queda dos índices vacinais na população acenderam o alerta para uma possível nova onda de covid-19 no Brasil.
“Infelizmente houve uma desaceleração muito grande em relação aos esquemas de reforço. Há um grande número de pacientes com apenas uma ou duas doses, uma parte menor da população com a terceira dose e outra bem pequena com a quarta dose”, diz o médico infectologista da Unimed, Dr. Rafael Queiroz.
O aumento no número de casos de covid, que foi registrado primeiramente nas grandes capitais, já chegou aos municípios do interior e deve se intensificar. “Particularmente não creio numa onda tão acentuada como foram as primeiras ondas, em 2020 e 2021, já que em 2020 não havia ninguém vacinado, e em 2021 o esquema estava incompleto, até o início desse ano. Entretanto, apesar de não ter mostrado elevados índices de gravidade, exceto em grupos de alto risco, a BQ1 é uma variante de grande infectividade como foi a ômicron. É um vírus que se multiplica rapidamente e tem capacidade de atingir diferentes populações de maneira mais eficaz.”
Dr. Rafael explica que é por meio da imunização de reforço que o sistema imunológico é estimulado a manter altos índices de anticorpos, que ajudam a evitar a progressão para doença grave. “A única forma de manter em níveis elevados essa população de anticorpos é através do estímulo seriado, de tempos em tempos, como acontece para outras vacinas.”
A partir dos seis meses
O espectro de vacinação para a covid pode variar entre cada imunizante, mas crianças a partir dos seis meses já podem ser vacinadas. “A Sociedade Brasileira de Imunizações (SBI) orienta aplicar a Pfizer (tampa vinho) em crianças de 6 meses a menos de 3 anos com comorbidades, por enquanto, embora haja locais vacinando apenas pelo critério da idade. Já dos 3 a 4 anos a recomendação é a aplicação da Coronavac; e de 5 anos a adolescentes de 12, a Coronavac ou a Pfizer (tampa laranja). Não há um limite superior de idade, os idosos também podem se imunizar salvo raras restrições, como reação alérgica grave. São vacinas bastante toleráveis e eficazes nesse sentido”, informa o infectologista.
Segundo ele, o número de doses é variável, mas o esquema mínimo é de duas doses. “As doses posteriores entendemos como reforço, exceto em idosos, nos quais o esquema completo tem três doses. Atualmente o esquema completo é de quatro doses.”
Intervalo entre doses
O intervalo mínimo atual entre uma dose e outra é de quatro meses, mas Dr. Rafael acredita que, com o tempo, a vacinação seja mantida em intervalos fixos anuais. “Além disso, as vacinas são continuamente aperfeiçoadas, alteradas para cobrir variantes do vírus que sempre irão aparecer. Vale frisar que depois da vigência de um processo infeccioso, especificamente falando sobre a covid, a orientação é aguardar quatro semanas para se vacinar”, recomenda Dr. Rafael.
No município
De acordo com o infectologista, em São José do Rio Pardo há, até o momento, cerca de 22 mil pacientes com duas doses ou dose única; já com três doses são 13.200 pessoas, mas somente 6.300 estão com o esquema vacinal completo (quatro doses). “É um número bem baixo não apenas em relação à população como um todo, mas também porque as faixas etárias foram sendo ampliadas nos últimos tempos. Ainda assim, apenas 12% da população do município tomou as quatro doses.”
Esquema vacinal
O médico reforça a necessidade de completar o esquema vacinal, especialmente em razão dos momentos de aglomeração que houve, como a eleição, e outros que haverá nos próximos meses. “Copa do Mundo, Natal, Réveillon e Carnaval podem provocar um aumento significativo no número de casos. É fundamental manter elevados índices vacinais para que a doença não evolua de forma grave e que haja redução das taxas de transmissão. É preciso cortar o ciclo da covid para que ela se mantenha endêmica, e não mais em níveis epidêmicos.”
(Por: Giselle Torres Biaco/Assessoria Unimed)