A pandemia da covid-19 trouxe várias mudanças de comportamento no consumo. Um deles é a enorme adesão da bicicleta no dia a dia de quem dependia de outros transportes. Saiba mais!
Por décadas o Brasil tem mostrado o quão dependente se tornou, prática e economicamente, dos combustíveis fósseis.
A logística principal do país é feita através de caminhões que atravessam todas as regiões e a maioria dos estados, levando itens prioritários para milhões de brasileiros que precisam de tais coisas.
Alimentos, matérias-primas, produtos de higiene e o próprio combustível são enviados de ponto a ponto por intermédio de uma gigantesca cadeia de acontecimentos que envolve muitos participantes.
Porém, desde o primeiro trimestre de 2020 a pandemia do coronavírus vem prejudicando todas as vias sociais. Desde o contato aproximado entre poucas pessoas, até a realização comercial e logística expansiva que beneficia a todos.
E assim como alguns setores e áreas de negócios buscaram alternativas para sobreviverem, as próprias pessoas foram percebendo maneiras alternativas de seguirem suas vidas com o menor prejuízo possível.
Um ótimo exemplo que evidencia isso foi o pico de 118% de aumento na venda de bicicletas considerando desde o começo da pandemia até os dias atuais.
O levantamento foi feito pela Aliança Bike, a Associação Brasileira do Setor de Bicicletas, que detalha em sua pesquisa o período entre 15 de junho e 15 de julho de 2021, com aumento de 52% nas vendas de bicicletas com relação ao ano anterior.
O que influenciou também negócios com o veículo que não envolvem sua compra/venda, mas sua locação, empréstimo e outros acontecimento benéficos.
Em São José do Rio Pardo esse aumento também foi muito significativo, uma vez que, a cada dia o número de adeptos ao ciclismo vem crescendo no município.
Por que aumentou o número de ciclistas na pandemia?
Já que se trata de um reflexo do comportamento social, o aumento significativo no número de ciclistas não ocorre apenas por um motivo, muito menos simples. Mas uma porção de
circunstâncias que, juntas, colaboram para tal número expressivo.
Alguns porquês possíveis de se destacar são:
Custo econômico: Como já dito, devido ao aumento nos preços de combustível, pessoas que transitavam com carro/moto próprio em curtos e médios trajetos, foram muito prejudicadas. Sendo quase obrigadas a opções alternativas para manterem sua rotina.
Passaram então a aderir outros meios como apps de corrida e, especialmente, o uso de
bicicletas. Pois, é relativamente a opção mais barata se contabilizados seu valor próprio, sua manutenção e, é claro, o fato de não depender de combustíveis.
Além do mais, boa parte das pessoas já possuem uma bicicleta em casa ou a conseguem por intermédio de parentes e amigos, exatamente pelo baixo valor agregado.
Outro ponto importante em que a bicicleta se destaca é que ela não requer manter-se
constantemente em contato parado ao lado de outras pessoas como em transportes públicos (ônibus, trem e metrô). O que, em se tratando de covid-19, é um dos maiores cuidados a se ter.
Opção de exercício físico e recreação: Se boa parte das casas já tinha uma bicicleta, mesmo que esquecida e em desuso, é porque o veículo sempre teve, pelo menos no Brasil, mais associado à lazer e recreação do que propriamente como meio de transporte principal das pessoas.
Com o isolamento social proveniente da pandemia, impedindo ou dificultando a frequência em clubes, academias e demais espaços de prática esportiva e recreativa, a bicicleta ganhou mais notoriedade.
Ela não só ajuda a cuidar do condicionamento físico, como oferece certo lazer semelhante ao da caminhada ou da trilha. É compreensível que poder sair de casa para realizar longos
trajetos sem maiores custos ou exposição tem sido um hobby valioso na quarentena.
Acessibilidade prática: Ainda que muito relativo ao lazer e recreação, outro ponto inevitável é a facilidade de se conduzir uma bicicleta.
Não requer curso, habilitação e, normalmente, em pouco tempo de prática se adquire a
confiança e segurança necessárias para percorrer caminhos mais difíceis. O que pode tornar ainda mais prazerosa a experiência de andar com ela.
Em tempos de pandemia, enclausurados entre familiares, é de se considerar que a cultura de pais ensinando filhos a andar de bicicleta tenha ganhado ânimo.
Assim como é considerável pensar que enquanto hobby, andar de bicicleta tenha se tornado – embora discreta – uma boa colaboração para os cuidados com a saúde mental em um momento histórico tão delicado e sem precedentes.
Influência nos negócios: Se o número de vendas se tornou tão evidente, a procura também. É assim que funciona a Lei da Oferta e Demanda.
Ou seja, há de se lembrar que nenhum ramo sobrevive alheio aos demais, desse modo, isso tem colaborado com outros profissionais, comércios e famílias.
Um exemplo disso é o aumento no uso de serviços de delivery que a quarentena acarretou,
fazendo aumentar o número de ciclistas e motociclistas trabalhando, seja vinculados
diretamente a um estabelecimento ou a um app.
O que será da bicicleta pós-pandemia?
No que diz respeito a um cenário sem covid-19 ou, mesmo presente, completamente
controlado, tudo ainda é muito incerto. Os dados mais acessíveis tratam do momento atual, só restando projeções e estimativas de difícil precisão.
Alguns especialistas apontam um futuro em que o uso de álcool em gel e de máscaras em
casos de gripe comum e outros problemas, se tornem itens banais no Brasil assim como já são em outros países.
Aparentemente, no caso da bicicleta, seu uso continuará constante e muito visível até os dias finais da pandemia. Depois, há uma possível continuidade, que ainda dependerá
especialmente das condições econômicas relativas às vendas de combustível no país.
Por ora, vale a orientação: se tem andado de bicicleta ou cogita começar a andar, realize
regularmente a limpeza do veículo, sua devida manutenção e sempre cheque a condição dos pneus antes de pedalar.
Texto: Dalton Ribeiro
Fotos: Bikers Rio Pardo/Lu Carneiro